domingo, 6 de julho de 2014



O Brasil dividido entre a política, o futebol e a mídia

Por Wellington Lucas[1]

Durante os meses que antecederam o início do maior evento esportivo mundial, a Copa do Mundo, realizada neste ano 2014 no Brasil, muito se especulou sobre a possibilidade da insatisfação nacional com a política brasileira se tornar uma rejeição generalizada ao evento, ao ponto de enterrar os planos da FIFA, do governo, dos investidores e patrocinadores, os quais, segundo a opinião de especialistas porta-vozes da grande mídia, seriam os únicos beneficiados com a Copa no Brasil.

No entanto, após quase 30 dias de competição, tamanha rejeição não ocorreu conforme o esperado, ao menos para uma parcela da sociedade que gostaria que assim tivesse acontecido. Esta parcela têm se perguntado apáticos: afinal, o que deu errado? Será que o “gigante” adormeceu novamente e, somente vai acordar após o encerramento da Copa?

Na verdade, o que se viu até aqui, foi que à medida que a seleção brasileira entrou em campo e tem avançado na competição, o sentimento de grandeza do país, expressada pelo futebol dos meninos de Felipão, reacendeu no imaginário popular o velho sentimento de força e coragem especial que o povo brasileiro possui para vencer suas dificuldades e seguir em frente de cabeça erguida.

Além disso, fora dos estádios (distante da área vip e das cabines de imprensa), nas doze capitais que sediam os jogos, tem prevalecido uma convivência humanizada, acima das expectativas, entre brasileiros e estrangeiros de todo o mundo. Isso ajuda a confirmar a entrada do Brasil no grupo seleto de nações que possui as condições necessárias para sediar uma competição de caráter mundial, ainda que longe dos padrões ideais de sociedade.

Estes dois aspectos, em particular, fizeram o presidente da FIFA, Joseph Blatter, dizer em coletiva mundial de avaliação da Copa, que o povo brasileiro estaria de parabéns, elegendo antecipadamente o evento no Brasil, como a melhor copa do mundo já realizada, no marketing oficial, a Copa das copas!

Ironicamente, as incansáveis tentativas da grande mídia de confrontar as opiniões dos torcedores prós e contras a Copa, não surtiu o efeito esperado. Não conseguiu garantir que a maioria dos cidadãos inconformados com o sistema político brasileiro desse as costas para a seleção e, consequentemente, para a Dilma e o PT, antecipando uma derrota política antes da campanha eleitoral oficial.

O grupo dos pessimistas, dos opositores do evento e dos opositores ao governo petista, os quais a presidenta Dilma já havia dito que possuem “complexo de vira-lata” (Senador Álvaro Dias/PSDB, ex-jogador Ronaldo fenômeno, garoto propaganda da Globo, entre outros), deveriam ter considerado o conhecido jargão popular que diz que política, futebol e religião, Não se discutem, ao menos da forma como o fizeram.

Na verdade, deveriam ter considerado em suas avaliações (e intenções políticas desastrosas) que o povo brasileiro é apaixonado por futebol e, que jamais ficariam divididos ou contra uma Copa do Mundo no Brasil, mesmo sendo contra o atual governo ou contra os políticos corruptos que usam de todos os meios para atingir o fim de permanecer no poder, garantido a oportunidade de encherem seus bolsos.

Dito de outro modo, uma parcela da população continua indignada com os gastos feitos nos estádios e, sobretudo, com a corrupção descarada que atinge as principais instituições brasileiras, mas isso, não se confunde com o sentimento de nacionalismo que continua forte no povo brasileiro quando se trata de futebol.


[1] Wellington Lucas é servidor público, professor de História e Pós-graduado em Gestão Pública. wlucas@ufpa.br

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