terça-feira, 20 de janeiro de 2015



Em nome da Liberdade
(de expressão)
Por Wellington Lucas[1]

Não divulgue este breve ensaio! Censure, condene seu autor, mas não faça dele uma nota dissonante diante da verdade absoluta massificada pela mídia mundial após “O Massacre de Paris” ao jornal Charlie Hebdo. Cuidado ao discuti-lo, pois seu ponto de vista pode ferir a sagrada liberdade de expressão defendida pelas democracias republicanas ocidentais, sobretudo, Europeia.
Recomendo ainda que seja revisada, após 50 anos, a liberdade expressa na Declaração Universal dos Direitos Humanos e também que seja avaliado a declaração feita pelo líder da maior instituição religiosa cristã mundial, Papa Francisco I, ao afirmar em relação ao massacre que “liberdade de expressão não dá o direito de ninguém insultar a fé dos outros”.
Dito isto, inevitavelmente, surge as seguintes indagações: Afinal, a liberdade tem limites? Em um mundo tão complexo e plural, é possível limitá-la? De que liberdade está se falando?
Enfim, logo se vê que tentar responde a estas e outras indagações sobre a temática da liberdade não é tarefa simples. Mas podemos ao menos discutir brevemente algumas conceituações a respeito e, sobretudo, expor as contradições sobre tudo que tem sido escrito e dito pela grande mídia brasileira a respeito do massacre. Me digno a fazer isso em nome da liberdade (de expressão)!
Quase todos os poderosos editoriais nacionais brasileiros de TV´s e Revistas (exceto alguns sites e blogs na internet e a revista Carta Capital), logo se apressaram em fixar na opinião publica em geral o sentimento de comoção e revolta coletiva diante dos assassinatos, associando a causa ao terrorismo, radicalismo religioso e, sobretudo, associando a morte das vitimas a um mártir, um atentado a sagrada liberdade de expressão e pensamento, devido à função social que as vitimas exerciam, neste caso, jornalistas e cartunistas. Digo isto porque eram exatamente estas as profissões que exerciam e, toda profissão, adquirida seja pela academia ou fora dela, possui uma função social na sociedade contemporânea, ou não? Construir um mundo melhor não é o papel histórico-social de todo cidadão?
A julgar a estratégia utilizada pela mídia brasileira para defender seus interesses, de fato, não há como não se comover e não condenar os assassinatos. Afinal, nada os justifica. Todos tem direito a vida. Independente se exerce o direito ou não a liberdade de expressão. Todos tem o direito sagrado à vida seja ela surgida por meio natural ou intervenção divina. Existe um consenso geral em quase todas as sociedades que ela é o bem mais precioso que a humanidade possui. Há os que defendem que tirar a liberdade é o mesmo que matar um homem, sem liberdade somos todos mortos-vivos, contudo, a liberdade social é algo construído e modificado de acordo com a cultura de uma sociedade e/ou de acordo com a ideologia ou os interesses da classe que o dirige e/ou domina.
Senão vejamos, por exemplo, o massacre de milhares de jovens e crianças promovidos pelo Estado de Israel ao povo palestino em 2014, com apoio EUA, França e Inglaterra, em retaliação aos ataques terroristas sofridos por extremistas radicais palestinos, não conquistou a comoção da mídia mundial. Porque isso acontece? Na verdade, sabemos bem, quais interesses motivam e comovem a mídia nas republicas ocidentais. Nem todo massacre ou violação da vida é rejeitado pelas nações ricas e poderosas. Na verdade a maioria é promovida exatamente por elas sob todo tipo de justificativa.
Seja como for, acredito que a comoção mundial se deu mais em função dos assassinatos, ou seja, devido ter sido tirada de modo brutal, o direito a vida dos jornalistas e cartunistas do jornal, corroborando assim o que diz a declaração universal dos direitos humanos editada pela ONU. Afirmo isso porque biólogos e naturalistas dão conta que somos a única espécie que possui característica emocional afetiva, ou seja, sentimos tristeza e comoção, entre outras características peculiares exclusivas de nossa espécie. Portanto, a reação emocional de todos não poderia ser diferente, afinal, além de seres afetivos, somos seres sociais, em repúblicas ocidentais e, por isso, não poderíamos ficar indiferentes.
Dito de outro modo, condenar os assassinatos e sentir comoção pela vida é parte de nossa cultura e natureza biológica e social. Porém, isto não significa que defendemos a liberdade de insultar e fé de 05 milhões de mulçumanos que vivem somente na França. Há um dito popular que diz que a liberdade tem seu preço. Certamente a vida é um preço alto demais a se pagar pela liberdade, porém, talvez 10 cartunistas e jornalistas, podem ter suas ideias e pensamentos questionados por insultar a religião alheia. A dicotomia que se estabeleceu nesse trágico episódio, entre religião e liberdade é algo mais profundo e complexo do que tem sido apresentado pela mídia. Há outros fatores que envolvem este caso, pois assim como os assassinos foram apoiados pelo grupo político-religioso “Estado Islâmico”, o qual almeja obter hegemonia de poder em todo o território oriental, a mídia mundial, também é financiada e apoiada por um grupo de famílias que desejam manter a sua dominação, sobretudo, politica, econômica e cultural, sobre as nações nas sociedades ocidentais. O filosofo italiano Antônio Gramisc chegou a esta conclusão a mais de um século, ao afirmar que a impressa mundial se tornaria o partido do capital, nas mãos daqueles que hoje detêm a riqueza produzida pelas nações.
Obviamente assassinato por vingança a insultos significa regredir toda a humanidade à barbárie, não se justifica. Porém, quem se arrisca a dizer qual lado (jornalistas/cartunistas e religiosos radicais), possui motivação irracional e que não se justifica diante de outra motivação qualquer estabelecida? Quantos massacres e assassinatos foram e, ainda são promovidos e/ou apoiados pelas nações europeias mundo afora, ontem e hoje?
Às vezes tenho a impressão que toda a grande mídia brasileira bebe na fonte da teoria Nazista de dominação pela informação, pois entre elas há uma que afirma que uma mentira dita mil vezes se transforma numa verdade. Graças à liberdade de expressão, esses métodos travestidos com novas roupagens e conceituações, ainda podem ser refutados, por meios informacionais alternativos e populares.
Seja como for liberdade de expressão de ideia e pensamento, sem duvida, é a mola propulsora das grandes transformações que a humanidade já presenciou e, ainda há de presenciar. No entanto, fé e religião, em todo o mundo, igualmente, são duas das maiores expressões culturais e sociais do comportamento humano e, ambos, embora mantidos por tradições e verdades absolutas, por vezes se confronta com o modo de vida em sociedade estabelecido pela ciência ocidental.
Uma conclusão aceitável diz que tanto a Liberdade de Expressão, quanto a Liberdade Religiosa podem ser legislados e, portanto, limitados e respeitáveis a partir de um patamar moral-ético pré-estabelecido. Até que a humanidade chegue à condição ideal de vida em que tudo é permitido e aceitável, exceto o direito a vida. Este sim, jamais deverá ou poderá ser violado seja por qual motivação for. Um bem incomensurável que a humanidade levou quase 02 mil anos para aprender a promover e defender acima de tudo.


[1] Wellington Lucas é servidor público, professor de História e especialista em Gestão Pública.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Pro Paz Juventude está com vagas abertas para cursos profissionalizantes

O Pro Paz Juventude, que promove ações de capacitação para jovens, está com vagas abertas para novos cursos profissionalizantes nos cinco polos do Pro Paz nos Bairros, na Unidade Integrada Pro Paz (UIPP) do Guamá e no Núcleo do Pro Paz Jovem Trabalhador, localizado na Avenida Assis de Vasconcelos. Todos os cursos são gratuitos e têm como objetivo qualificar jovens de baixa renda para o mercado de trabalho, garantindo inclusão social e incentivando o desenvolvimento econômico.
 
Os cursos terão a duração de dois meses, e todos os alunos receberão gratuitamente material didático para as aulas, que serão desenvolvidas em todos os espaços do Pro Paz na Região Metropolitana de Belém. Ao todo, serão 26 turmas, cada uma com 20 vagas, divididas nos turnos da manhã, tarde e noite. A aula inaugural será ministrada no próximo dia 6 de agosto, e as aulas dos cursos profissionalizantes começam no dia 11 do mesmo mês.
 
Para o coordenador de Planejamento do Pro Paz, Simão Bastos, como o público-alvo dos cursos são, prioritariamente, jovens de 18 a 29, atende-se a uma demanda exclusiva da juventude que necessita de qualificação para entrar no mercado de trabalho. “Essa atividade faz parte de um diálogo estabelecido com segmentos da sociedade, formado por instituições públicas e movimentos sociais, que começou ainda no ano de 2011 durante a II Conferencia Estadual de Juventude e que pedia por cursos profissionalizantes voltados a este público”, observa.
 
Os cursos profissionalizantes são oferecidos de acordo com a demanda que o mercado de trabalho absorve, em parceria com a Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter), que desde 2012 oferece as capacitações nos espaços do Pro Paz para os jovens.
 
“A experiência do passado foi gratificante do ponto de vista dos resultados que conseguimos, sempre com grande presença de jovens durante as atividades. Temos um dialogo com a Seter e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), que monitoram os resultados dos cursos desenvolvidos no Pro Paz e apontam a maior demanda do mercado de trabalho, auxiliando no empreendedorismo do próprio jovem, que, assim, muda sua realidade social”, diz o coordenador.
 
Além dos polos do Pro Paz nos Bairros, serão ofertados também cursos profissionalizantes na nova UIPP do bairro do Guamá, que será inaugurada no início do mês de agosto, e no Núcleo Pro Paz Jovem Trabalhador, espaço dedicado à capacitação e encaminhamento de jovens de baixa renda ao mercado de trabalho, localizado na Avenida Assis de Vasconcelos.
 
Para se inscrever, os interessados devem ir até os polos do Pro Paz nos Bairros, UIPP do Guamá ou ao Núcleo do Pro Paz Jovem Trabalhador com as cópias da carteira de identidade, carteira de trabalho (opcional), CPF, comprovante de residência e comprovante de escolaridade, no horário de 8 às 17 horas. Mais informações pelo telefone (91) 3201-3724.
 
Relação de cursos profissionalizantes:
 
Unidade Integrada Pro Paz (UIPP) Guamá (Rua do Tucunduba, próximo ao campus III da Universidade Federal do Pará): Auxiliar administrativo (manhã), Operador de caixa (tarde);
 
Polo do Pro Paz nos Bairros UFPA (Rua do Tucunduba, s/n, campus III da Universidade Federal do Pará): Mecânica de motos (manhã), Manicure (tarde);
 
Polo do Pro Paz nos Bairros Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) – Avenida Presidente Tancredo Neves, 2.501, Montese: Camareira (noite), Recepcionista (noite), Garçom e garçonete (noite);
 
Polo do Pro Paz nos Bairros da Sacramenta (Praça Dorothy Stang, entre Senador Lemos e Pedro Álvares Cabral): Montagem e manutenção de computadores (manhã), Encanador hidráulico (manhã), Mecânico de refrigeração (tarde), Auxiliar de contabilidade (noite);
 
Polo Pro Paz Mangueirão – Rodovia Augusto Montenegro, km 3, Estádio Olímpico do Pará (Mangueirão): Pintor de obra (manhã), Confecção de tortas e doces finos (manhã), Confecção de lanches comerciais (tarde), Encanador hidráulico (tarde);
 
Polo Pro Paz Instituto de Ensino de Segurança do Pará (Iesp) – Rodovia BR-316, KM 13, s/n, Centro, Marituba: Secretariado (manhã), Almoxarife (tarde);
 
Núcleo Pro Paz Jovem Trabalhador (Avenida Assis de Vasconcelos, 397, Belém): Panificação e confeitaria natalina (manhã), Empreendedorismo (manhã), Produção e promoção de eventos (manhã), Habilidade no salão de beleza (manhã e tarde), Vendedor de comércio varejista (manhã e tarde), Culinária japonesa (tarde). 
 
Texto: Tiago Furtado (portaldoservidor.pa)