sábado, 19 de julho de 2014

A Copa da elite malcriada ou má criada?

Por Wellington Lucas  


A elite brasileira “bem criada” e “bem formada” nas melhores universidades públicas do Brasil que insultou a presidenta Dilma Rousseff da área Vip dos estádios construídos a duras penas com o dinheiro público dos contribuintes parece viver uma crise existencial profunda que intriga os psicanalistas do país. Durante a preparação do Brasil para a Copa, criticaram com indignação o investimento realizado nos estádios, expressando comovente preocupação com a saúde e a educação do povo brasileiro.

Criticaram também a infraestrutura insuficiente do país para abrigar um evento mundial. Os porta-vozes da mídia, a exemplo do senador tucano Álvaro Dias (PSDB- PR), chegou a sugerir que o governo brasileiro admitisse a sua incapacidade de empreender, para que assim, a FIFA pudesse destinar a outro país a primazia de organizar um evento de porte mundial dentro do Padrão FIFA esperado. Já o ex-jogador Ronaldo fenômeno, menino propaganda da poderosa TV Globo e, eterno pupilo de Galvão Bueno, decretou de modo curto e grosso que a Copa seria um desastre! Diziam que mesmo apaixonados por futebol e pela seleção de Neymar, acaso o Brasil insistisse em realizar a Copa em ano eleitoral, ela seria o maior desastre do governo Dilma e, portanto, seria decretado após evento o fim da era petista no poder.

No entanto, essa refinada elite malcriada ou Black Books da Zona Sul (que jamais se arriscaria a levar spray de pimenta da polícia nas ruas), retribuiu a poderosa FIFA uma fortuna na aquisição de ingressos para assistir não somente os jogos da seleção brasileira. Por alguma razão, decidiram desfrutar da exuberância das arenas e conferir se a modernização dos estádios justificou os altos recursos gastos, aproveitando a oportunidade para expressar com vaias e palavrões direcionados a Dilma a insatisfação com a situação de miséria que muitos ainda convivem nesse país.

Seja como for, cada um que vaiou a presidenta disponibilizou uma boa grana para conferir de perto aquilo que já haviam decretado como desnecessário e mau feito, diante da pobreza crônica que aflige o povo e a falta de infraestrutura do país. Na verdade, longe de uma crise existencial, o teatro nacionalista da elite, exibido em performances políticas pela mídia, bem que poderia se diagnosticado como um caso típico de surto psicótico agressivo sem causa, já que primeiro criticaram, depois agrediram e ao fim se deleitaram com a festa preparada pela algoz-mor da nação, a presidenta Dilma.

Portanto, talvez devêssemos apenas considerar que a elite brasileira foi má criada pela elite e não possui educação suficiente para discernir entre disputa eleitoral e agressão pessoal a representante maior da nação diante dos visitantes estrangeiros. Algo que nenhum país desenvolvido e, com uma elite bem mais educada, que a elite daqui, pudesse revelar.

Ou talvez, devêssemos considerar que essa elite malcriada é objeto desse novo Brasil que se revela ao mundo e tudo isso é culpa do Lula que durante quase 16 anos, criou esta geração voltada ao consumo e ao individualismo, mas que não perdeu a capacidade de se indignar e expressar sua insatisfação com a miséria que muitos ainda vivem e, sobretudo, com a corrupção que nos seus discursos patriotas parece que são cometidos apenas pelo governo dos trabalhadores de origem operário-sindical, os grandes empresários e juristas membros da elite brasileira não tem nenhuma participação na corrupção crônica que assola o país há séculos.

(*) Wellington Lucas é servidor público, professor de História e Pós-graduado em Gestão Pública.

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