quinta-feira, 19 de junho de 2014

O medo do Brasil que o PT propagandeia

Por Wellington Lucas

O professor e jornalista brasileiro Eugênio Bucci, colunista da revista Época (Editora Globo), abordou ao que chamou de “terrorismo simbólico” a última peça publicitária do PT transmitida na TV no artigo “Medo do desamparo na propaganda do PT” publicado na edição N. 834 de 26/03/2014. O jornalista critica o suposto discurso em tom ameaçador utilizado pelo marketing político e diz que o partido “apelou para o medo” e fez uso de “chantagem emocional” direcionada ao povo brasileiro e, por conta disso, afirma que muita gente reclamou com razão.

Seria interessante se ele revelasse o suposto “público reclamante” para que talvez pudéssemos discutir mais abertamente a questão. Poderíamos, por exemplo, aferir o nível de diversas campanhas publicitárias vinculadas no Brasil (sejam partidárias, comerciais, de entretenimento, etc.) as quais apresentam todo tipo de baixaria, preconceito e discriminação que é empurrada “goela abaixo” do povo brasileiro principalmente pela TV, diuturnamente. Para tanto, basta verificar rapidamente na internet a quantidade de processos que correm na justiça a respeito. Não por acaso, estas informações são omitidas da opinião pública. Mas enfim, numa avaliação verdadeiramente imparcial, isso não justifica o suposto apelo do partido. De todo modo, se realmente houve a tentativa de acuar a sociedade pelo medo, isso apenas revela, que o PT entrou, desnecessariamente, no mesmo jogo midiático imbecil que diversos partidos, empresas e jornalistas já o fazem há anos. 

Na verdade, a pressa e voracidade dos porta-vozes da mídia partidarizada em condenar a chamada publicitária do PT, parece que nada tem a ver com a corrida eleitoral deste ano. Nada tem a ver com o esforço diário de criar no imaginário popular (usando de todos os instrumentos possíveis) a ideia de que o partido que dirige o atual governo é fruto de uma “quadrilha política” que tem se especializado em garantir bons resultados eleitorais (inclusive com uso do marketing), elegendo “postes” selecionados pela cúpula (caso de Haddad em SP).

No entanto, ao arrotar na mídia que tudo que vem PT é abominável, ignoram deliberadamente o profundo reconhecimento popular obtido pelo partido, diante dos diversos avanços notadamente conquistados pela sociedade nos últimos anos. Tais arautos da verdade midiática desprezam a avaliação geral da maioria da sociedade após aferição democrática pelo voto e, tentam desesperadamente, em vão, desconstruir as “lutas vencidas” e os índices de desenvolvimento crescentes que o Brasil tem atingindo no governo petista.

Talvez a tentativa de apagar da memória popular o desamparo que a maioria da população foi submetida há décadas (ou talvez séculos), pelo Estado brasileiro, nada tem a ver com o fato, do PT, ter conquistado a confiança e apoio da sociedade, independente da linguagem publicitária utilizada no marketing eleitoral. A não ser que... 

A não ser que os donos da mídia e seus porta-vozes, que no passado se beneficiaram e, ainda hoje se beneficiam, enriquecendo nos governos estaduais tucanos (caso de São Paulo, Minas Gerais, Pará, etc.) estejam falando do desamparo em que se encontram a mais de uma década, sem a mesma oportunidade de enriquecimento no governo petista de Lula/Dilma.

Wellington Lucas é servidor público, professor de História e Pós-graduado em Gestão Pública. wlucas@ufpa.br 

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