Enquanto juiz corrupto continuar acima da lei, o Brasil não será uma verdadeira Nação
Na semana passada, o Senado adiou a votação das emendas
constitucionais que acabam com a aposentadoria compulsória como
penalidade administrativa e criam novas regras para afastar
temporariamente magistrados e integrantes do Ministério Público acusados
de desvios de conduta ou crimes.
São duas propostas, apresentadas pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
Uma permitia ao Conselho Nacional do Ministério Público determinar
sanções como remoção, demissão e cassação de aposentadoria de seus
membros sem a necessidade de uma sentença judicial (PEC 75). A outra
exclui a pena de aposentadoria para magistrados (PEC 53).
Não há como manter a atual situação, em que os juízes corruptos são
considerados cidadãos acima das leis que incidem sobre todos os demais
brasileiros. Salvo em casos muito especiais, como o escândalo envolvendo
o desembargador trabalhista Nicolau dos Santos Neto, a maior punição
que recebem é a aposentadoria proporcional ao tempo de serviço.
É o que tem acontecido com grande número de magistrados ou membros do
Ministério Público comprovadamente corruptos. O ex-ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina, por exemplo. Em 2010 ele
foi punido com aposentadoria compulsória pelo Conselho Nacional de
Justiça, porque participava de um esquema de venda de sentença judicial
em favor de bicheiros e donos de bingos.
Outro caso semelhante é o do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em
2012 e acusado de mentir sobre suas relações com Carlinhos Cachoeira e
de usar seu cargo para beneficiar os negócios do empresário. Em abril
deste ano, o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu que não
pode demitir Demóstenes no processo administrativo em que ele é
investigado. A pena máxima que o próprio órgão pode aplicar é a
aposentadoria compulsória.
Que país é esse, Francelino Pereira? Será aquele tão bem retratado
pelo compositor e cantor Renato Russo. Responda: este Brasil da
impunidade dos magistrados pode ser considerado uma nação?
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